Descrição:
POUGY, Eliana Gomes Pereira
Trata-se de uma pesquisa teórica, de cunho filosófico-educacional, visando analisar o dispositivo saber-poder da didática e propor a base epistemológica para a construção de uma Didática da Obra de Arte. A partir da perspectiva pós-estruturalista, com destaque para a produção de Michel Foucault, busquei encontrar algumas condições enunciativas que produziram o sujeito que ensina como alguém que depende da comunicação e de seus meios para transmitir mensagens claras e verdadeiras. Isolei uma série histórica constituída pela Bíblia, pela Didactica Magna de Comenius, pelo O Emilio de Rousseau e pelo Democracia e Educação de Dewey, entendendo-os como discursos que compartilham, a despeito de suas especificidades e diferentes objetos, o mesmo paradigma geral segundo o qual se estruturam os saberes científicos da comunicação. Conforme as idéias de Foucault, busquei, também, os efeitos dessas descrições na realidade, principalmente em relação à forma que essas descrições aparecem em sua materialidade. Concluí que, apesar das especificidades de cada uma das teorias pedagógicas, existe um aspecto que está presente em todas elas: o paradigma da comunicação como transmissão de mensagens, e, conseqüentemente, a idéia de ruído como uma exceção à regra. O paradigma da comunicação que entende o ruído como exceção faz parte de um outro paradigma mais forte e poderoso que sempre esteve presente no pensamento ocidental. O paradigma da disjunção, que preconiza a separação e a dicotomização entre sujeito e objeto do conhecimento, que preconiza a linguagem como representação do real e que não compreende toda a complexidade do pensamento humano. Entretanto, o ruído faz parte do processo de comunicação não como uma exceção, mas como uma regra. E como tal, possui sua especificidade e tem uma parte ativa no processo comunicacional. Por isso, também a partir da perspectiva pós-estruturalista, com destaque para a produção de Gilles Deleuze e Felix Guattari, propus a base epistemológica para a construção de uma Didática da Obra de Arte. Para tanto, resgatei as idéias de Deleuze e Guattari sobre linguagem, a palavra de ordem e a linguagem agramatical; as idéias de Maturana e Varella em relação ao aprendizado, a autopoiese; e as idéias de Pierre Lévy sobre inteligência, a inteligência coletiva. Segundo penso, assim como Deleuze afirmou que existe uma pedagogia que é do Conceito, existe uma Didática que é da Obra de Arte. Essa didática pode nos ajudar a compreender os momentos em que o processo de ensino e de aprendizado se processa entre o caos e o conhecimento, no mundo do ruído e da construção de sentido. Ela se caracteriza, principalmente, por compreender o entre-ensino.
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