Descrição:
SENA, Carla Cristina Reinaldo Gimenes de
Ver, escutar, cheirar, degustar e tocar. Todos esses sentidos são os meios que utilizamos para receber as informações do entorno. Essas informações são fundamentais para o nosso desenvolvimento e também para nos comunicarmos. A pessoa com deficiência visual tem diminuída ou mesmo comprometida a capacidade de decodificar informações que estão sintetizadas em imagens, necessitando de uma adaptação dessa informação para a sua compreensão parcial ou total. Quando isso ocorre, os demais sentidos, principalmente a audição e o tato, se forem estimulados de maneira correta, podem auxiliar e até substituir a visão no processo de percepção e interação com o meio. A estimulação deve levar em consideração que as pessoas, independente de apresentarem uma deficiência, não constróem seu esquema corporal sozinhas, elas necessitam da relação com outras pessoas e com o meio. A pessoa que não constrói satisfatoriamente seu esquema corporal terá dificuldade de reconhecer o espaço ao seu redor, prejudicando sua mobilidade e, por consequência, sua autonomia. Juntamente com a estimulação correta dos demais sentidos é fundamental a adaptação ou modificação da forma como a informação é disponibilizada a esse público. Este trabalho relata a experiência na seleção e adaptação de mapas e ilustrações para a linguagem tátil com o objetivo de auxiliar o ensino sobre alguns aspectos da cidade de São Paulo, com destaque para o seu crescimento urbano para estudantes com deficiência visual. Elaborou-se uma sequência de mapas que representam a área urbana de São Paulo em cinco épocas distintas. Foi construída uma maquete que representa a cidade na primeira metade do século XIX, a maquete contém alguns sensores de toque que permitiram a inserção de sons com informações sobre patrimônios históricos da região central da cidade. O objetivo desses materiais é proporcionar a compreensão de um recorte histórico geográfico sobre São Paulo, auxiliando o estudante com deficiência visual a avançar do nível da identificação e localização para a interpretação, análise e síntese dos assuntos estudados. Para ilustrar parte do processo histórico ocorrido optou-se por trabalhar, além da maquete e dos mapas, com ilustrações das fachadas de alguns edifícios históricos do centro, que também sofreram alterações, algumas bem radicais – como é o caso da igreja da Sé, demolida para dar lugar à atual catedral, por exemplo. O desenvolvimento do trabalho mostrou que quando os estudantes com deficiência visual têm a oportunidade de participar ativamente de um processo de aprendizagem que estimula sua percepção tátil, respeita sua vivência e trabalha com as noções básicas do mapa (escala, ponto de vista, orientação, localização e simbologia) podem alcançar níveis satisfatórios de compreensão das representações gráficas. Nesse sentido, é possível que a associação de mapas táteis com outros recursos didáticos como maquetes sonoras e ilustrações facilite o processo de aprendizagem de um tema especifico para estudantes com deficiência visual, desencadeando uma discussão mais ampla e reflexiva sobre o que está sendo estudado.
Palavras chave: Cartografia tátil. Deficiência visual. Ensino de Geografia. Inclusão. Mapas táteis. Maquete sonora.
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