Um livro sobre o conjunto de imagens geográficas que não incluísse o mapa pareceria um Hamlet sem o Príncipe. Entretanto, ainda que os mapas estejam há muito tempo no centro dos discursos sobre a geografia, raramente eles são lidos como textos “profundos“ ou como formas de saber socialmente construídas. “A interpretação dos mapas" implica habitualmente o estudo de suas “características geográficas” sem indicar como, enquanto forma manipulada do saber, eles contribuíram para moldar estas características. Certamente, na geografia política e história do pensamento geográfico, vinculam-se cada vez mais os mapas e o poder, sobretudo nos períodos de história colonial. Mas o papel particular dos mapas, como imagens ligadas a contextos históricos precisos, quase não se sobressai do discurso geográfico no qual eles estão inseridos. O que falta, é o sentimento do que Carl Sauer chamava de eloquência dos mapas. O que podemos fazer para que os mapas “falem” dos mundos sociais do passado?
Palavras-chave: Mapas. Poder. Geografia. Ícones. Política. Pensamento geográfico.