Descrição:
RUBIM, Sandra Regina Franchi.
Essa pesquisa tem por objetivo refletir como nas imagens de D. Sebastião, rei português do século XVI, está representado o ideal de um rei laico e, ao mesmo tempo, cristão. De nosso ponto de vista, um elemento importante para a realização desse intuito era a educação, que também se fazia pela imagem. Percebemos que as imagens e a literatura tinham fins pedagógicos e evidenciavam a indissolúvel relação entre os projetos de formação da pessoa e os da política. Entendemos que a linguagem imagética oportunizava a formação de uma mentalidade coletiva de novos conceitos, bem como valores morais, sociais e políticos, necessários ao momento. Dessa perspectiva, o recorte temporal de estudo abarca o período que vai do nascimento à morte de D. Sebastião em Alcácer-Quibir, ou seja, desde 1554 a 1578. Selecionamos, assim, do universo simbólico do Portugal moderno, algumas imagens de representação social desse monarca, as quais, incentivadas pela Igreja e pelo Estado monárquico, povoaram e firmaram raízes no imaginário coletivo. Analisamos a imagem desse rei como representação do cristianismo e da constituição do Estado português e, portanto, como representação do ideal de governante entre o medievo e a modernidade. Nesse momento de crise política que exigia que o Estado fosse organizado com base em um ideário de rei, disseminou-se a crença mítica de que um rei iria governar como cavaleiro-cruzado, tornando possível a continuidade da Dinastia de Avis. A análise da relação entre educação, arte e imagem é apresentada em cinco seções. Na primeira, a introdução, apresentamos a estrutura geral da pesquisa. Na segunda, analisamos a relação da linguagem imagética com a educação e discorremos também sobre nossos pressupostos teóricos: a história das mentalidades, as representações coletivas e o simbólico, a história de longa duração e os métodos iconográfico e iconológico de apreciação imagética. Com base em uma formulação conceitual e histórica, na terceira seção, abordamos como se deu a constituição do Estado Moderno luso nos fins da Idade Média, procurando perceber a influência da conjuntura econômica, política, religiosa na formação intelectual de D. Sebastião. A quarta seção é dedicada à análise específica da seleção de imagens de D. Sebastião. Procuramos analisar a função educativa que perpassava a veiculação dessas imagens e a possibilidade de construção de um modelo ideal de rei. Na quinta seção tecemos as considerações finais. A abordagem metodológica é a da História Social e a da História da Educação, as quais oferecem a oportunidade de compreendermos as produções humanas, em especial a linguagem imagética e a educação, como resultantes das múltiplas vinculações articuladas pelas relações sociais em sua totalidade. Consideramos, desse modo, que a análise da imagem, como uma das formas de expressão do homem, permite-nos compreender como se construíam as relações e, por conseguinte, as práticas formativas.
Palavras-chave: Educação; História da Educação; Estado Moderno Português; Linguagem Imagética.
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