Descrição:
LIMA, Humberto Rodrigues
Esta pesquisa buscou investigar se o curso técnico em nível médio, integrado à educação profissional, ofertado nas Casas Familiares Rurais do Paraná – CFRs, através da Pedagogia da Alternância, contribui para a autonomia do trabalhador do campo no que diz respeito ao domínio do conhecimento e tecnologia, contribuindo para a sua permanência e continuidade enquanto agricultor familiar. Esta pesquisa qualitativa foi desenvolvida em 03 CFRs, distribuídas nas cidades de Santa Maria D`Oeste, Sapopema e Pinhão. Partimos da análise da Pedagogia da Alternância, proposta que nasceu na França num período de crise econômica e conseqüentemente de crise na agricultura. Os jovens filhos de camponeses no sudoeste da França não queriam continuar na escola tradicional que não dialogava com a realidade do campo. Um movimento que envolveu as famílias destes jovens, os sindicatos e a igreja, teve como conseqüência a criação da primeira Maison Familiale Rurale. No Brasil, ela chega nos anos 60, onde os problemas econômicos e sociais e da agricultura se assemelhavam aos problemas vivenciados na França. No Paraná, a pedagogia da alternância chega nos anos 90, na região sudoeste do estado, coordenado pela Arcafar/Sul, associação responsável pela organização e coordenação das CFRs na região Sul do Brasil. No Paraná, atualmente existem 45 CFRs, mantidas através de convênios com o governo federal, estadual e municipais. A maior ação se dá com a Secretaria de Estado da Educação/PR que repassa recursos para contratação dos monitores, cedendo professores da base nacional comum. A análise dos cursos técnicos em agropecuária e agroecologia ofertados, através da Pedagogia da Alternância, nas CFRs pesquisadas, se deu a partir de entrevistas com os alunos egressos, professores, coordenadores, monitores dos cursos, pais de alunos, presidentes das associações das CFRs e os responsáveis na Seed/PR, no período de implantação, utilizamos ainda a análise documental que serviu para subsidiar algumas conclusões. A primeira conclusão é que, embora as CFRs tenham alcançado os objetivos propostos de promover o acesso ao conhecimento relacionando a teoria à prática, vivenciada no período de alternância, possibilitando com isto condições mais efetivas para a permanência dos jovens e suas famílias no campo, a emancipação deste trabalhador, para além do acesso ao conhecimento, se assenta em outras bases políticas e sociais. Uma segunda conclusão é de que à medida que as CFRs ampliam a disponibilização de cursos técnicos de qualidade no campo, mais os gestores públicos protelam a implantação de políticas públicas de oferta de escolarização no campo. A escola por si só não responde a todos os anseios sociais.
Palavras-chave: Educação do campo. Educação Profissional. Ensino médio integrado. Pedagogia da alternância.
|