O propósito deste trabalho é examinar a constituição sistemática e histórica da teoria da linguagem de Habermas. Seguindo as indicações do próprio Habermas, segundo as quais essa teoria constitui-se como uma "pragmática formal apoiada em Kant", uma "pragmática formal de herança kantiana" ou, ainda, um "kantismo linguístico", analisamos em um primeiro momento a maneira como ela promove a convergência de duas linhagens filosóficas aparentemente inconciliáveis: a filosofia kantiana e da virada linguística. Dito de uma maneira mais específica, analisamos a maneira como ela atualiza o motivo da "transformação pragmática da filosofia kantiana", central para a segunda linhagem. Em seguida, comentamos a exposição da teoria da linguagem na década de 1970, quando esta assume a forma de uma teoria da competência comunicativa, associada a uma teoria da verdade como consenso. Por fim, comentamos as modificações que Habermas propõe para sua teoria sobretudo na década de 1980, mostrando como ele procura responder às críticas a que foi submetido.
Palavras-chave: Filosofia contemporânea. Filosofia moderna. Alemanha. Immanuel Kant. Jürgen Habermas.