Descrição:
D´AQUINO, Nora
Resumo: “No bico do corvo — nove narrativas de velhos: corpo e voz”, situa a velhice enquanto etariedade, vivida por velhos com mais de oitenta anos, exposta de viva voz — testemunhos. O texto desenvolve um cenário sócio-histórico com o intento de situar o objeto lentamente, gradualmente; dada sua obviedade intrínseca: ao longo do tempo, é velho quem está vivo. Essa aparente “naturalidade” pode simplificar um processo sociológico sofisticado de construção e manutenção em habitar um corpo biológico decadente, num viés de novidade; na contramão de uma cultura que privilegia o utilitário, o fazer, o jovem; que confunde as esferas público/privado e cala o homem. No Brasil, país em dívidas sociais contundentes, a velhice — uma minoria que se avoluma exponencialmente — margeia o assistencialismo sob o risco do isolamento. As narrativas contextualizam: quem está vivo quer estar entre homens. Exibem um impacto com o existir, desenham fronteiras míticas que não nos isentam. Num átimo estamos reféns, reconhecemos personagens, situações — um encontro com a história, com a ética do viver no privado e no público, responsabilidade à qual não é possível exonerar-se. As narrativas assim como as experiências artísticas, as performances, ecoando o íntimo na presença de outros, imprimem uma espécie de realidade ao mundo e aos homens. Os autores são mencionados à medida que contribuem com as questões que a voz escancara: a linguagem enquanto instituição social que constrói o tempo, o corpo e o lugar; um dizer que não é só literal, que potencializa o sentido numa medida de ressonância, como na poesia; a exigência que a vida e a morte fazem ao homem da presença no tempo, no corpo e a construção da história — o trapézio como um convite à voz.
Palavras-chave: Velhice. Voz. Corpo. Público/privado.
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