Descrição:
PAULA, Eduardo Vedor
No presente trabalho, elaborado no âmbito da Geografia da Saúde, a manifestação da dengue no estado do Paraná encontra-se analisada a partir da relação de sua incidência com a infestação predial de seus vetores e com as condições climáticas regionais. Embora os casos de dengue notificados na região Sul tenham representado apenas 2,4% do total registrado para o país de 1995 a 2003, cabe destacar que nesta região identificou-se a maior taxa de crescimento de otificações ao longo dos últimos cinco anos. A taxa média anual registrada cresceu, entre 1999 e 2003, cerca de 475% para a região e de 1.605% somente para o estado do Paraná, sendo que o crescimento médio encontrado para o Brasil no mesmo período tenha sido de 62%. O recorte temporal de análise desta pesquisa abrange o ano em que foi confirmado o primeiro caso autóctone de dengue no Paraná (1993) até o ano de 2003. No entanto, a evolução sazonal da incidência da doença, infestação dos vetores e variação térmica e pluviométrica foram delimitadas somente partir de 1997, devido à disponibilidade dos dados do SINAN e do SISFAD. Para as três cidades de maior número de casos da enfermidade em questão efetuou-se a análise mensal dos dados. A principal epidemia registrada em território paranaense, ocorrida no primeiro semestre de 2003, foi investigada de modo introdutório por meio da análise diária de sua evolução. Espacialmente a incidência da dengue no Paraná evidenciou sua estreita relação com as áreas de maior infestação dos mosquitos Aedes albopictus e Aedes aegypti, particularmente deste último. A relação entre a área de maior incidência da doença e a porção mais quente do estado, onde domina o tipo climático Cfa, também apareceram de maneira bastante explicita na abordagem aqui desenvolvida. Os poucos casos autóctones de dengue confirmados em municípios cujo tipo climático é Cfb ocorreram sob condições térmicas acima da normalidade. Com o aumento das temperaturas e das chuvas no verão a infestação de ambos vetores é ampliada, a inserção do vírus da dengue, por meio de casos importados no Paraná, ocorre geralmente na segunda metade desta estação. Assim, devido principalmente ao período de incubação extrínseca no vetor e ao tempo em que a doença leva para se manifestar no homem, é na estação de outono que se confirma o maior número de casos autóctones (78,85% das ocorrências). Como sugestões para o monitoramento e controle da dengue no estado do Paraná cita-se a utilização de um método oportuno para o levantamento dos índices vetoriais, bem como o desenvolvimento de um sistema de informações geográficas que integre os dados do SINAN, do SISFAD e informações socioambientais.
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