Resumo: As práticas e os discursos relacionados ao “capital humano” têm obtido cada vez mais força e legitimidade no mundo empresarial. “Pessoas são o nosso patrimônio” é um imperativo que faz parte do discurso daquelas organizações que desejam manter-se no mercado, competindo entre as melhores. Esse estudo, focado em empresas que passam por processos de transformação dos setores de varejo e serviços, mostra que as novas tecnologias de informação, a reconstituição das relações de trabalho e dos sistemas de produção em bases sociais, econômicas e geográficas distintas, não permitem mais o trabalho feito de forma tradicional, estruturado através do controle do saber e do fazer do indivíduo. Entretanto, percebe-se que a lógica do “trabalho árduo” tem se mantido, agora embalada por sofisticados e criativos discursos. O estudo etnográfico realizado nas empresas pesquisadas mostra as inúmeras estratégias que estão servindo para seduzir e conquistar esse “ser humano”, que necessita a cada dia de novas competências para liderar, além de estar aberto aos modismos e às mudanças do mercado considerados irreversíveis.
Palavras-chave: Antropologia das Organizações. Tecnologia de Gestão. Indivíduo. Identidades Organizacionais de Empresas.