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Categoria: Língua Portuguesa Dissertações
Fazer Download agora!Mitos e concepções linguísticas do professor em contextos multilíngues Popular Versão: 
Atualização:  26/3/2012
Descrição:
HILGEMANN,Clarice Marlene

Este estudo insere-se no âmbito da pesquisa sociolinguística. Seu objetivo principal é comparar a visão de língua de professores de escolas confrontadas com situações de multilinguismo e seu comportamento em relação à língua minoritária falada pelos alunos, bem como ao bilinguismo como consequência natural do contato linguístico e ao próprio processo de aprendizagem da língua-padrão, o português. Parte-se do pressuposto básico de que comunidades plurilíngues, especialmente aquelas onde se falam variedades estigmatizadas, são marcadas por tensões e valorações sociais diversas. Subjaz à análise desse contexto a tese de que a compreensão das concepções linguísticas do professor contribui para explicar a dinâmica de diversos mitos acerca da língua minoritária e do bilinguismo observável na comunidade. Dominado pela força desses mitos, o professor é impelido a atitudes distintas, que vão desde a valorização exacerbada até a estigmatização extrema de certas variedades, originando o preconceito linguístico. Para o estudo desses aspectos, seguiu-se uma metodologia de análise qualitativa interpretativa dos dados. A coleta de dados envolveu observação de aulas, anotações em diário de campo, entrevistas gravadas com professores e alunos, além de filmagens de aulas. Foram sujeitos da pesquisa professores de duas escolas: escola A, localizada em Daltro Filho, e escola B, de Estrela. Os dois contextos distinguem-se pelo grau de bilinguismo - maior em Daltro Filho - e de urbanização - maior em Estrela. Enquanto na escola A os professores, todos bilíngues, estão em contato direto com a situação multilíngue (alemão-italiano-português), na escola B os professores entram em contato com o bilinguismo (alemão-português) apenas através de alunos provenientes do meio rural. Os resultados mostram que, entre as concepções linguísticas vigentes, destaca-se a concepção de que a língua se define por um conjunto de regras consubstanciadas nas gramáticas normativas, as quais prescrevem as normas do “falar e escrever corretamente”, sendo todas as formas desviantes desse padrão consideradas como "erro". O domínio dessa língua-padrão é almejado tanto por professores, quanto por alunos e considerado um capital linguístico imprescindível para a ascensão social e inserção no mercado de trabalho. Evidencia-se, ainda, nas realidades pesquisadas, a existência de diversos mitos, tanto ligados à língua portuguesa quanto à língua minoritária. Embora em muitos momentos os informantes considerem o bilinguismo como um capital linguístico altamente desejável, em outros momentos o encaram como um obstáculo à aprendizagem do português. Além disso, percebe-se que a escola está impregnada pelas leis do mercado linguístico, não atentando ao mercado de trabalho, ao optar pelo ensino do inglês como primeira opção de língua estrangeira a ser trabalhada na escola. Descrevendo como essa realidade de contato entre línguas minoritárias e o português é tratada em sala de aula, ou seja, como se configura atualmente essa realidade multilíngue em nosso meio, este estudo pode servir para alertar não só professores da necessidade de redirecionar suas atitudes, valorizando tanto a língua minoritária de seus alunos quanto a variedade do português, como também as autoridades responsáveis pela Educação sobre a necessidade de instituir uma política linguística que assegure a essas minorias bilíngues currículos, métodos, técnicas e um programa de educação bilíngue adequado para atender às suas peculiaridades.

Palavras-chave: Bilinguismo. Ensino. Língua portuguesa. Linguística. Sociolinguística.

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