A dissertação versa sobre a escrita da história em Sílvio Romero, tendo por objetivo analisar sua inserção em uma experiência historiográfica oitocentista. Tentou-se reconstituir algumas bases epistemológicas e temáticas que configurariam um espaço de trabalho obrigatório, formado dentro de uma ordem imperial, com o qual Romero dialoga. A partir de uma seleção de seus textos, produzidos entre as décadas de 1870 e 1890, procurou-se perceber as linhas de continuidade e as rupturas por ele instauradas, tanto no nível da formalização da prática historiográfica e do perfil do historiador, como na elaboração de uma identidade narrativa para a nação. Remodelando alguns preceitos ritualísticos da escrita da história (a afetividade, a cientificidade e a utilidade) e conferindo um outro sentido à rede interpretativa herdada pela tradição imperial, Romero pôde formular uma releitura do passado nacional, concentrando nos conceitos de “povo” e “mestiço” uma nova carga semântica, em conformidade com as expectativas que visava efetivar.
Palavras-chave: Discurso histórico na literatura. História e literatura. Historiografia. Romero, Sílvio. 1851-1914.