O presente trabalho propõe o estudo de dois romances de Cassandra Rios, "A Volúpia do Pecado" (1948) e "Copacabana Posto 6 – A Madrasta" (1972), nos quais pretende-se analisar a construção de uma identidade homossexual feminina na literatura brasileira. Seu pioneirismo está em garantir o direito à existência ficcional das lésbicas como protagonistas, não como simples figurantes de uma história. Ao trabalhar a questão da identidade, Stuart Hall enfatiza a construção histórica da identidade, em que o sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, contraditórias e deslocadas.Comparando os dois livros de Cassandra Rios é possível perceber os conflitos e questionamentos diante dos processos de identificação em relação ao papel do que é ser lésbica em um contexto de personagens urbanas. Sua narrativa ousada e classificada por alguns como pornográfica, evidencia a crítica ao sistema hetero-patriarcal-falocêntrico. Ao se inserir na cultura de massa, sua narrativa linear repleta de sexo, adquiriu ressonância cultural. Ao fazer uso de conceitos machistas/falocráticos inerentes àquele contexto histórico Cassandra Rios os questionou de forma transgressora.
Palavras-chave: Cassandra Rios. Identidade. Literatura lésbica.