Este trabalho preocupou-se em refletir sobre as representações sociais de gênero produzidas em histórias de Nelson Rodrigues, publicadas em jornais nas décadas de 1940 e 1950. Discutem-se as imagens do feminino, do masculino, do casamento e do amor que essas histórias apresentavam e a sua relação com os discursos de delimitação dos papéis sociais de homens e de mulheres do período. Foram analisadas crônicas selecionadas do correio sentimental "Myrna escreve" (1949), os folhetins "Meu destino é pecar" (1944) e "A mulher que amou demais" (1949) e contos selecionados da coluna "A vida como ela é..." (1951-1961). Para os folhetins e o correio sentimental, que visavam atingir o público feminino, o autor criou heterônimos femininos (Suzana Flag e Myrna). Já a coluna "A vida como ela é...", que o autor assinou com o próprio nome, tinha um público predominantemente masculino. Levando em conta as diferenças de cada tipo de história e de seus públicos, buscou-se compreender o caráter e o papel destas na produção de imagens que divulgavam formas de pensar as relações amorosas e de gênero, que eram apreendidas pelas leitoras e leitores.
Palavras-chave: Discurso Literário. Representações sociais. Relações de gênero. Modelos sociais.