Descrição:
HAIDUKE, Alessandro Andrade
Esta investigação refere-se a dois romances regionalistas sobre o “Nordeste” brasileiro: "A bagaceira" (1928), de José Américo de Almeida e "O quinze" (1931), de Rachel de Queiroz. Tenta apontar a geograficidade destes romances diante das concepções epistemológicas da geográfia e estuda o espaço geográfico através de dois níveis de análise. O primeiro é composto pela trama e pelas espacialidades que se estruturam dentro da obra literária e o segundo refere-se ao contexto da obra em seus aspectos sociais, políticos e históricos. Assim, os dois romances estão inseridos na tradição literária do “regionalismo” brasileiro que surgiu na década de 30 no Brasil e utilizou como temática a luta do homem frente ao semiárido no Nordeste. Fundamentado nas concepções geográficas do crítico literário Mikhael Bakhtin, principalmente a exotopia e o cronotopo, estudam-se as técnicas específicas com as quais os autores criam, investigam e reproduzem as respectivas espacialidades nos romances. Ambos os romances mostram as rupturas entre o elemento tradicional e o mundo moderno através de dois cronotopos de alienação (caminho de fuga) e de individualização (solidão das protagonistas). Utilizam, para estes fins, vários modelos de exotopia: o protagonista frente ao Nordeste popular, os autores da elite frente à população rural, a literatura frente aos fatos sociais e científicos. Destaca-se que, apesar de seu conservadorismo, o regionalismo do Nordeste se desenvolveu técnicas de pesquisa iniciando uma autóctona geografia brasileira nessa região, com métodos que reaparecem atualmente de outras formas na nova geografia cultural.
Palavras-chave: Espaço geográfico. Literatura. Nordeste. Rachel de Queiroz. José Américo de Almeida.
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