A tirania é um dos elementos mais marcantes das Histórias e da escrita da história das Histórias. Dentre as várias vertentes de estudo que debatem este aspecto da obra do autor de Halicarnasso, há uma querela específica que discute se ele tinha uma visão pejorativa ou neutra em relação à tirania. A partir, em especial, de meados do século XX, as novas tendências da historiografia passaram a valorizar aspectos marginalizados da história até então, e os estudos herodotianos passaram a ser (re)vistos em conformidade com essas mudanças. À luz desta tendência atual, que entende o texto herodotiano como unidade textual, proponho uma leitura desta controvérsia pelo viés da ambiguidade e da tragédia.