Descrição:
LUIZ, Edson B.
Esta pesquisa estabeleceu como objetivo central analisar os efeitos que as experiências vividas pelos candangos tiveram no processo de construção da identidade dos filhos. Levou-se em conta que a trajetória dos trabalhadores que participaram da edificação de Brasília, incluindo o período posterior à inauguração, foi movida inicialmente pelo sonho de uma vida melhor, seguida de inúmeras adversidades, em um cenário de perdas e ganhos, que envolveu múltiplas rupturas, inclusive de natureza cultural. A partir desse contexto, procurou-se investigar e compreender os sentimentos herdados pelos filhos em relação à cidade, com ênfase nas noções de identidade, memória, representação e imaginário. Os pesquisados são, em sua grande maioria, filhos de candangos que viviam no antigo núcleo de favelas, conhecido por Vila do IAPI, e que foram removidos, em 1971, para a recém-criada cidade-satélite de Ceilândia (DF), recorte espacial deste estudo. A delimitação temporal vai do ano de 1956 a 2007. Trata-se de um trabalho de História Oral, desenvolvido com realização de entrevistas, cujo teor foi submetido à metodologia da Análise de Discurso. Entre as conclusões, destacam-se: os filhos dos candangos se percebem excluídos socioespacialmente da capital que os pais construíram, expressando, por isso, grande ressentimento. Devido a mistura de raças, vêem Brasília como uma cidade sem identidade própria e de cultura indefinida. A origem diversificada da população poderá vir a confirmar a predição de Freyre (1968) de que Brasília produzirá uma geração mais “completamente” brasileira, resultado de um intenso processo de miscigenação. Os pais, ao exercerem o papel de narradores, aparecem como principal elemento constitutivo da memória dos filhos dos candangos em relação à cidade.
Palavras-chave: Candangos. Filhos. Exclusão. Identidade. Ceilândia.
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