Descrição:
THOMÉ, Laura Maria S.
A passagem dos valdenses, um grupo de pregadores pobres, da ortodoxia à heresia, na cidade de Lyon no reino da Borgonha, pertencente ao Santo Império Romano-Germânico, entre o final do século XII e o início do XIII, foi analisada com base nas atas dos III e IV Concílios de Latrão (1179 e 1215) e do Sínodo de Verona (1184). Procurou-se compará-las com testemunhos de contemporâneos e com profissões de fé do líder do grupo, Pedro Valdo e de seguidores seus como Duran de Huesca que retornaram ao seio da Igreja após a condenação do grupo como herético. Observou-se que no III Concílio de Latrão os valdenses tiveram seu modo de vida aceito pelo papa Alexandre III e foram enviados de volta a Lyon com a recomendação de que não deveriam pregar a não ser com a autorização prévia do bispo. Inicialmente cumpriram a ordem, dedicando-se ao combate ao catarismo, contudo sua inata vocação de pregadores os fez desrespeitá-las sendo denunciado ao Papa e declarados hereges no encontro de Verona, em 1184, quando Lúcio III e o imperador Frederico I promulgaram constituições enérgicas de combate à heresia conclamando os príncipes a exercerem este combate em seus domínios. Os valdenses foram expulsos de Lyon e atingiram cidades italianas, a Germânia e a Suíça, denunciando os males do clero, sua riqueza e luxo. Aproximaram-se do discurso de outros grupos, como os cátaros, e chegaram ao IV Concílio de Latrão amalgamados com eles e sofrendo as mesmas punições. Foram definitivamente considerados heréticos. Viu-se que o que se iniciou como uma tentativa local de reformar a Igreja, exercida por homens que desejavam viver em vita apostolica e pobreza voluntária sofrendo a condenação de seu bispo, tornou-se perigosa ortodoxia, ou seja, em heresia a ser eliminada.
Palavras-chave: Valdenses. Concílios de Latrão. Ortodoxia. Heresia.
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