Esta dissertação tem como objetivo estudar algumas relações entre caudilhismo e Estado para o contexto da "Guerra Grande" uruguaia. Para a historiografia platina, o caudilho e seu fenômeno condensam uma série de relações sociais e políticas, resultando em modelos específicos de Estado e sociedade. Abordando sentidos construídos para as palavras "revolução" e "civilização" na interpretação de movimentos que se consideravam revolucionários no contexto platino da primeira metade do século XIX, examinam-se os textos de Manuel Herrera y Obes e Bernardo Prudencio Berro, publicados entre 1847 e 1848 como exemplos de dois indivíduos que puderam entender e reconstruir sua recente história sob a influência do contexto bélico da "Guerra Grande" e de um campo de discussão que abrangia ambas as margens do rio da Prata. Na seqüência, com a ajuda das memórias de José Encarnación de Zás e Francisco Solano Antuña, procurar-se-á analisar possíveis combinações ou antagonismos entre instituições estatais e determinados elementos do caudilhismo. Estas duas últimas fontes não tinham as mesmas finalidades da escrita de Herrera y Obes e Bernardo Berro, uma vez que os textos de Zás e Antuña estavam baseados em suas experiências cotidianas e não tinham como objetivo a publicação; entretanto, as informações ali contidas oferecem boas oportunidades de verificação da utilização das categorias "civilização e barbárie" e "caudilhismo" em práticas políticas e estratégias de alguns atores sociais daquele período. Desta forma, serão encontrados elementos "modernos" e de Antigo Regime combinados na organização de instâncias estatais, discursos e práticas políticas.
Palavras-chave: Caudilhismo. Estado. América Ibérica.