Descrição:
BINA, Gabriel Gonzaga
Por ser usado nos candomblés e pelos povos negros, o atabaque foi um instrumento discriminado pela hierarquia da igreja católica do Brasil, formada quase que exclusivamente de brancos. Foi acusado de instrumento de negro, de macumba, do demônio, de instrumento barulhento e que tira a concentração. Este preconceito foi passado para o povo cristão, inclusive o povo negro, durante o processo de “evangelização”, domesticação e ideologia do embranquecimento, dificultando hoje o seu uso no culto. Assim, a escolha desse tema tem como objetivo contribuir com o processo de inculturação litúrgica da igreja no Brasil. Gostaríamos de demonstrar que o atabaque é um instrumento como qualquer outro, mas para o povo negro, para os afro-descendentes e para o povo brasileiro em geral, ele é especial uma vez que concentra e unifica e pode levar à verdadeira oração. Temos por objetivo mostrar que não se pode falar em inculturação litúrgica em meios afro se não rompermos o preconceito quanto ao uso do atabaque no culto cristão. Para isso, optamos por permanecer na área da Ciência Litúrgica, e o embasamento teórico foi feito através da História, da Antropologia e da Etnomusicologia, como suporte para uma liturgia inculturada nos meios afro. Portanto, mostraremos através desta pesquisa e experiência que os atabaques podem adaptar-se ao culto cristão, colaborando com o processo de inculturação litúrgica no Brasil, revolucionando o jeito de se pensar e de se fazer liturgia, envolvendo dança, gestos, símbolos, cores e todo o corpo na celebração da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
Palavras-chave: África negra. Atabaques. Liturgia do Candomblé baiano. Liturgia da umbanda. Liturgia do catolicismo.
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