O artigo trata de discursos sobre a cultura africana no decorrer da historia das religiões do Brasil. Praticantes da Umbanda, que originou-se nos anos 20 no sudeste do Brasil, tentaram de de-africanizar e de 'purificar' as origens da Umbanda dissociando-a de suas influências afro-brasileiras. Durante os anos 60, religiões afro-brasileiras como o Candomblé espalharam-se do nordeste para o sudeste do Brasil. Muitos praticantes do Candomblé, especialmente brancos da classe média, têm se engajado em uma africanização da sua religião destacando a origem africana dela. O artigo propõe que o movimento da Umbanda para o Candomblé, ou seja, de africanização para a reafricanização reflete mudanças sociais. Neste sentido, Umbanda exprime valores da sociedade moderna como os do nacionalismo, igualdade e mobilidade social, ou seja, valores baldados durante a ditadura militar. A re-introdução de religiões afro-brasileiras depois da queda da ditadura militar representa o surgimento de identidades que eram oprimidas anteriormente mas que agora impõem-se no contexto de novas formas de criações de identidade sob condições pós modernas.