Este trabalho passa em revista o debate contemporâneo sobre as novas fronteiras entre religião e política, destacando os limites da concepção liberal clássica, que animou e ainda anima boa parte dos trabalhos sobre o tema, notadamente os de cunho mais normativo. A nova situação aponta para uma configuração do religioso que opera segundo uma lógica de deslocamento de fronteiras e ressignificação ou redescrição de práticas. O efeito contraditório mais marcante destes dois processos é o de que o aprofundamento da experiência religiosa como algo pessoal, individual, íntimo se dá ao par com uma desprivatização ou publicização do religioso. Não se tratando de uma deontologia da relação religião/política, mas uma construção histórica de longa data da qual a solução liberal é apenas um capítulo, argumenta-se que mudanças históricas, ocorridas particularmente a partir dos anos 80, contribuíram para redefinir a fronteira público/privado de modo a alterar ou provocar um realinhamento na relação entre religião e política. A redefinição das fronteiras disdisdissolveu ou deslocou o sentido do político e do religioso - fundamentalmente desterritorializadores e, em parte, desinstitucionalizando-os.