O belo só surge nas reflexões dos teólogos cristãos no bojo das discussões sobre a possibilidade e formas do conhecimento de Deus. A questão estética é vista a partir deste ângulo gnosiológico. O pensamento iconoclasta, que não reconhece no mundo sensível um caminho seguro em direção a Deus, encontrou na arte abstrata a sua mais acabada expressão. Porém, diante do problema do conhecimento de Deus, suas possibilidades e formas, a arquitetura não pode ser avaliada pelo mesmo registro das artes plásticas. Por não buscar representar a Deus da mesma maneira que uma escultura ou uma pintura, a arquitetura religiosa seguiu um caminho próprio, paralelo às querelas iconoclastas. As religiões pentecostais nas grandes metrópoles têm se utilizado de edifícios construídos para outros fins, teatros, oficinas, supermercados, garagens de automóveis. A novidade no uso desses edifícios está no entendimento de seu caráter provisório. Agora a provisoriedade é, ela mesma, parte do espaço sagrado. Essa arquitetura não chega a ser religiosa mas o uso religioso desses edifícios fala de um sagrado. Há uma convergência entre a maneira como a arte abstrata e o espaço sagrado são experimentados. Gerações futuras poderão entender o espírito religioso atual olhando para essas igrejas? O que poderão dizer a respeito?