Com base no referencial teórico do interacionismo simbólico, procuramos compreender a construção e a manutenção da identidade religiosa evangélica por indivíduos que se encontram numa instituição social específica: a prisão. Para isso, focamos a análise nas práticas e nas relações sociais estabelecidas por estes indivíduos. De um lado, apontamos para as transformações em termos dos valores, das lealdades interpessoais e do comportamento dos presos convertidos e de outro lado, analisamos as relações entre esses religiosos e a massa carcerária, que são marcadas por tensões e conflitos. A partir dessa dupla abordagem – das relações internas ao grupo religioso e das interações entre os presos religiosos e a massa carcerária – pretendemos mostrar a precariedade dessa identidade religiosa construída numa instituição regida por normas e valores sui generis, que definem a prática religiosa dentro da dinâmica prisional e a posição ambígua que os grupos religiosos ocupam neste sistema social singular.