A compreensão do significado da possessão, de corpo e mesmo de pessoa no Espiritismo Kardecista já foi tema de alguns estudos dentro da tradição antropológica. Neste trabalho procuro apresentar uma discussão que enverede por caminhos cognitivos ainda pouco explorados que permitam uma contribuição nova para o assunto. Para tanto, procurarei situar o Kardecismo dentro do contexto histórico de sua formação, quando seus conceitos a respeito de corpo e de pessoa foram consagrados. Também considerarei perspectivas teóricas do campo da hermenêutica a fim de analisar, mais diretamente, um ritual específico da doutrina – as sessões de desobsessão, momento etnográfico privilegiado para o entendimento das questões aqui suscitadas.