O segmento do livro religioso é o que mais tem crescido no mercado editorial brasileiro. O presente artigo sugere um mapeamento preliminar deste fenômeno, partindo da hipótese de que o livro e a leitura, quando relacionados com o universo religioso, nem podem ser reduzidas a expressões particulares do crescimento geral de determinados grupos religiosos, nem podem ser nivelados a um genérico mercado religioso, apresentando problemáticas e características próprias. O mercado editorial religioso expressa tanto o crescimento de grupos particulares – como os neopentecostais – quanto tendências culturais genéricas de passagens entre fronteiras doutrinárias e denominacionais, aonde o grau de troca interdenominacional, expresso pelos indicadores do mercado e pelos títulos das editoras é maior do que o admitido pelos discursos dos líderes das Igrejas. A partir do exame dos casos espírita e evangélico, pergunta-se aqui pela autonomia do fenômeno e sugere-se que tanto as ideias de mercado quanto de cultura devem ser combinadas a fim de dar conta de um modelo interpretativo abrangente do fenômeno.