Descrição:
KLAUTAU, Diego
O livro O Senhor dos Anéis, do escritor inglês J.R.R. Tolkien apresenta em sua formulação uma crítica de matriz agostiniana do processo histórico da modernidade, consonante com a crítica do magistério católico a formulação ideológica do modernismo. Assim, O Condado, a Terra-Média e o Mar expressam a realidade do estado-nação, do capitalismo e da ciência moderna que configuram a modernidade, que a partir dos conceitos de concupiscência de Santo Agostinho, isto é, orgulho, prazer e curiosidade vã, fundamentam o processo histórico como oposição aos valores de uma Cristandade medieval, referência literária de Tolkien. A narrativa tolkieniana apresenta a configuração dessas três bases no processo da arte literária, da criação de mundos secundários, ou subcriação segundo Tolkien, em que o artista reflete em sua obra as bases da criação realizada pelo Deus cristão. Numa perspectiva histórica, segundo Jacques Le Goff e Marc Bloch, e filosófica, a partir de Santo Agostinho, a literatura adquire a espessura de tratado sobre virtudes da criatura como dom e resposta ao Criador, que sustenta e mantém a criação, inspirando a criatura humana, integrante dessa criação, a também ser criadora, ou especificamente subcriadora.
Palavras-chave: Literatura. Modernidade. Agostinho.
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