Este trabalho tem por objetivo investigar a composição religiosa da barquinha, fundada na década de 1940 no Acre. Ela é fundada por Daniel Pereira de Mattos, originário do Maranhão. Sua liturgia é orientada pela crença na comunicação com o mundo dos mortos intermediada por um panteão de entidades cristãs, como santos, Jesus Cristo e a Virgem Maria; também por encantos, pretos-velhos e caboclos. O uso da ayahuasca bebida tradicionalmente utilizada por diferentes tribos indígenas amazônicas, denominada pelo grupo como “Daime”, é também veículo de comunicação metafísica. O interesse é compreender os arranjos religiosos historicamente instituídos pelo grupo ao longo de sua trajetória que resultou em divisões e recriações de novos paradigmas doutrinários. Aqui a reflexão baseia-se, principalmente, no grupo fundado por Francisca Gabriel, que participou do grupo original fundado por Daniel durante 34 anos e fundou seu próprio grupo em 1996. A escolha 2 reflete, sobretudo, o interesse em observar a nuance religiosa umbandista que determina em parte a ruptura com o grupo de origem e institui sua distinção.