O sistema de ensino, organizado para formar a elite dominante, tornou-se uma via de legitimação do padroado régio no Brasil. Ao ser alçado num princípio filosófico-teológico, verifica-se uma constante presença do tomismo no discurso dos manuais de filosofia utilizados nos cursos secundário e superior. A filosofia tomista apresenta-se como uma estrutura de poder junto à elite dominante que normatizava, por exemplo, concepções de hierarquia política. Entregue a Congregação dos Capuchinhos franceses, em 1856, o Seminário Episcopal de São Paulo foi um difusor do pensamento tomista entre os cafeicultores que passaram a liderar a economia nacional. Este artigo tem como objeto de análise os manuais de formação utilizados no seminário durante a segunda metade do século XIX, nos quais se evidenciam os aspectos da filosofia-teológica propalada pelo clero francês. Verificam-se nesta abordagem características das práticas e representações do tomismo dispostas sobre da sociedade brasileira.