A sociedade brasileira resulta da mistura e do encontro de diferenças fenotípicas e culturais de seus componentes. Nas diferenças culturais anicham-se as diferenças religiosas. Diferente durante os vários séculos coloniais eram a cultura e a religião negras aqui chegadas com os escravos. Surgiu o Candomblé, síntese de crenças com raízes na África negra, que se manteve pela oralidade e pela tradição, a despeito do autoritarismo dos senhores de terras e de homens. Houve o confronto de duas tradições de pensamento, de duas visões de mundo, de duas concepções da vida e do homem, apoiadas nas duas epistemologias, a multiculturalista e a monoculturalista. A análise do lugar da religião afro no sistema social pode ser elucidativa não só da dinâmica vital como do desafio que o multiculturalismo hoje propõe colocando-se acima dos contextos nacionais, abrindo caminho para a mundialização.