Descrição:
FREITAS, Artur
Os anos 60, especialmente depois do golpe militar de 1964, marcam um momento de grande radicalização política nos discursos artísticos. Após uma década de considerável hegemonia do projeto construtivo, o ressurgimento da figuração, num primeiro momento, e a posterior influência das neovanguardas internacionais, levariam alguns artistas brasileiros a abrirem espaço, em suas produções, às efervescentes questões sociais e políticas nacionais. Assim sendo, e tendo em vista a inserção estético-ideológica das artes plásticas entre o golpe de 64 e o Ato Institucional número 5, este artigo propõe-se, em linhas gerais, a fazer um levantamento sumário de alguns dos aspectos estéticos, políticos e institucionais mais relevantes da história da arte no Brasil daqueles anos. Quanto aos aspectos institucionais, como se dirá, esse período corresponde a um momento inicial dentro do processo de reestruturação econômica e de fomento do mercado brasileiro de bens simbólicos, fenômeno este que terá seu auge, pouco depois, no “milagre brasileiro”. No que toca aos aspectos políticos, a repressão e a censura presentes desde os primeiros governos militares acabam de certo modo por incentivar os mais diversos tipos de contestação dentro dos meios culturais em geral e do artístico em particular. E, finalmente, no que toca aos aspectos estéticos, um certo posicionamento ideológico – tanto frente à institucionalização da cultura quanto frente ao autoritarismo de um regime opressor – surge reelaborado poeticamente sob a forma de linguagem, criando uma espécie de fusão entre todos esses aspectos conjunturais, ao que sugiro a noção de religação, que aqui surge como viés de interpretação.
Palavras-chave: Arte e política. Vanguarda. História da arte no Brasil.
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