A bibliografia e a pesquisa universitária há muito tempo revelaram a participação de grupos conservadores e direitistas na conspiração e na execução do golpe militar de 1964. No entanto, tema ainda pouco frequentado na bibliografia é o papel representado pelas esquerdas naquele processo. A imagem firmada é a de que a radicalização política, que culminou no golpe civil-militar, foi patrocinada tão-somente por elementos conservadores e reacionários, enquanto as esquerdas apenas defendiam as reformas e a democracia. Assim, ao longo da ditadura militar, surgiram diversas versões que se esforçaram para explicar os motivos do golpe, mas sem considerar a participação das esquerdas no processo de polarização política. O artigo recupera as estratégias de diversos grupos esquerdistas que atuaram no governo de João Goulart.
Palavras-chave: Frente de Mobilização Popular. Governo Goulart. Golpe civil-militar de 1964.