Este artigo analisa o processo de doação de parte da Fazenda Santa Cruz (município de Ponta Grossa, PR) a escravos e libertos, feito pela proprietária Maria Clara do Nascimento, em 1854. Quais as razões, as motivações e as condições sociais deste ato de fazer de escravos e ex-escravos herdeiros efetivos são algumas das questões que guiam a presente reflexão. Trata-se então de apreender este ato como resultado de um movimento onde se cruzam questões particulares, afetos e desejos de diferentes atores sociais em um contexto mais amplo, regional e nacional, marcados por um conjunto de concepções e políticas públicas próprios àqueles períodos históricos.