Questões específicas sobre o gênero romance e a sua criação estão dispersas no todo da obra ficcional de José Saramago, produzindo um intenso dialogismo interior. A contribuição de Levantado do chão (1979) à sistematização de uma poética diz respeito às reflexões que o texto suscita acerca da complexa relação de proximidade entre narrador e personagem, a partir da posição que o primeiro ocupa na narrativa. Em O homem duplicado, obra de 2002, uma singular experimentação tensiona tal relação. Propomos tecer considerações sobre a autointertextualidade em romances de José Saramago, considerando a interface estabelecida ente esses dois pólos da sua produção.