Objetos técnicos aparecem nas obras literárias como objetos situados no limite entre a arte e a técnica, entre a magia e a razão, entre o real e a representação. Nessa zona fronteiriça onde se desenvolve o discurso literário, o objeto técnico é o desencadeador da ambiguidade e da ilusão. Lima Barreto, no conto "Um e outro", mira um automóvel mas acerta a hesitação de Lola, personagem dividida entre a imaginação do objeto e a paixão pelo chauffeur. Cortázar, no conto "Las babas del diablo", e Antonioni, no filme "Blow up", desconstroem a fotografia como imitação do real. As narrativas desses autores ultrapassam a mera utilidade dos objetos técnicos e apontam para um imaginário que liberta o ser humano de uma relação direta com a técnica. O que este trabalho busca é localizar esses textos literários na zona fronteiriça entre o simbólico e o técnico.
Palavras-chave: Literatura. Representação. Fotografia. Imagem.