Descrição:
CHAVES, Silvia Nogueira
Este trabalho relata pesquisa sobre prática de formação continuada de professores de ciências do ensino fundamental, desenvolvida por grupo de quinze professores-formadores (dentre os quais a autora se inclui) no âmbito do Projeto de Educação Continuada (PEC) da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. Trata-se, portanto, de uma pesquisa partipante, na modalidade narrativa, cujo objetivo é explicitar, a partir das ações do grupo, saberes produzidos no processo de construção daquela prática de formação docente. Defende-se a tese de que saberes construídos “em situação” podem constituir base para emergência de nova epistemologia da prática de formação de professores que parta das condições concretas de desenvolvimento do trabalho docente. A construção daquela prática foi acompanhado por meio de registro em audio e transcrição das narrativas dos formadores durante reuniões de planejamento e avaliação do processo de formação, de entrevistas com seis formadores, por meio de análise de materiais produzidos pelo grupo e anotações, pessoais, de campo elaboradas durante aproximadamente um ano. A análise desses materiais revela uma prática produzida em constante diálogo com situações concretas de trabalho do grupo. Desses diálogos emergiu o entendimento de que o Estado, como poder constituído, é o principal meio, mas também o principal obstáculo ao projeto de desenvolvimento profissional do professor. Isso implica que processos de formação continuada devem constituir-se na tensão entre assimilar e, simultaneamente, transformar limites institucionais em possibilidades pedagógicas. Para tanto é importante que formadores e professores estabeleçam, entre si, relações de parceria buscando conquistar autonomia profissional. Conquista cujo processo requer que formadores ponham em disponibilidade modelo pedagógicos que permitam aos professores verem em ação outras/novas formas de organizarem seus trabalhos docentes e, assim, assumirem-se como autores de suas práticas pedagógicas. Nesse processo de assunção cabe, ainda, aos formadores fomentar a auto-estima dos professores. A recuperação da auto-estima, a certeza do valor e da importância de ser professor numa sociedade cindida entre os que produzem e os que simplesmente consomem os produtos da ciência, pode redimensionar junto aos professores a importância de buscar a competência profissional. Competência que se transforma em força política capaz de mobilizar professores para exigirem melhores condições de trabalho e maior liberdade para exercerem sua autonomia profissional.
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