A presente pesquisa consiste em compreender as contradições, possibilidades e limitações da Educação Sexual na disciplina de Ciências nas Escolas de Ensino Fundamental. Parte-se dos fundamentos históricos, políticos e filosóficos para compreender a sexualidade humana e os discursos hegemônicos sobre sexualidade e educação. Aborda-se a trajetória histórica e os marcos epistemológicos da universidade brasileira, as políticas de formação do professor de Ciências Biológicas e a Educação Sexual no Brasil da matriz colonial à proposta da universidade liberal, do patriarcalismo às políticas educacionais leigas e a concepção médica-higienista de Educação Sexual; a universidade brasileira como projeto nacional-desenvolvimentista, as políticas de formação de professores para a industrialização e a abordagem tecnicista da sexualidade. Analisam-se as concepções de sexo e sexualidade no discurso e prática dos professores de Ciências Biológicas e passagem histórica da sexualidade como tema do campo biológico para as Ciências Humanas; as matrizes da reflexão sobre a sexualidade na modernidade, a identidade biológico-reprodutiva matricial e suas legitimações a partir das teorias de Lamarck, Mendel e Darwin; a ruptura moderna com o naturalismo biológico: Havelock Ellis e Freud; a apropriação das ciências humanas e sociais das representações matriciais de sexo e sexualidade, destacando os estudos de Reich, Marcuse, Engels e Foucault. As considerações finais intentam corroborar a tese que defendemos neste estudo: a educação sexual escolar ainda não foi capaz de superar as matrizes e paradigmas oriundos da tradição médico-biologista. As novas abordagens da educação, as pesquisas no campo das Ciências Humanas e Sociais e a ampliação da investigação sobre a Sexualidade e suas plurívocas dimensões apontam para uma nova etapa da circunscrição científica e política dessa temática e suas implicações sociais.
Palavras-chave: Educação sexual. Formação de professores. Sexualidade.