Este estudo analisa as relações entre a difusão da religião cristã e a afirmação da hegemonia aristocrática no processo de constituição do regime senhorial na Península Ibérica entre os Séculos IV e VIII. Considera-se essencial à caracterização deste processo a articulação entre cultura, religião e relações sociais de produção em desenvolvimento no período, eixo a partir do qual se abordam as complexas questões relacionadas à conversão e à preservação de crenças e práticas alheias ao cristianismo, concebidas no quadro das relações de dominação e resistência. Com base na análise de fontes primárias de natureza diversa, como a legislação régia, a coleção das atas conciliares, a literatura hagiográfica, os sermões, a liturgia, a poesia cristã e alguns tratados dogmáticos, destaca-se a íntima correlação entre a concepção de mundo, das relações travadas pelo homens entre si e com a natureza, divulgadas pelo cristianismo, e a afirmação da ascendência aristocrática na sociedade e no período em questão.