Descrição:
MACHADO, Jose Luis Michinel
Na origem deste estudo está meu desacordo com a maneira como a noção de energia e outras que são constitutivas de sua estrutura conceitual são trabalhadas nos livros didáticos de Física para a educação superior. Está também a compreensão de que o texto escrito é apenas um dos fatores de desenvolvimento de conhecimento pelo aluno, em uma relação que implica as condições de produção da leitura. Neste trabalho me questiono se a divergência é um mediador didático que, exposto através da leitura, pode ativar deslocamentos conceituais, que permitam reconstrução conceitual da noção de energia pelos alunos. Busca-se compreender o funcionamento da leitura de textos divergentes sobre a energia por estudantes de física e promover deslocamentos nas suas significações dessa noção. O critério para a seleção dos textos, pensados como mediadores neste trabalho, foi que promovessem a divergência própria da atitude crítica. A diversidade de textos está relacionada à física clássica e aos trabalhos de Prigogine, os quais apontam para uma racionalidade que repensa o papel do tempo na física. A perspectiva de Bachelard auxiliou-nos a compreender o desenvolvimento do conhecimento científico, com a proposta do conceito-estrutura de perfil epistemológico, ampliado por Mortimer no seu conceito de perfil conceitual, que engloba aspectos ontológicos. As formulações teóricas de Vygotski, relacionadas com o desenvolvimento conceitual no indivíduo, ajudaram-me no entendimento dos processos de mediação simbólica e social que ocorrem na sala de aula. A análise de discurso, como explanada por Pêcheux e Orlandi, foi básica para compreender a dinâmica e o funcionamento social da linguagem, em particular as interlocuções produzidas em uma relação polêmica, no espaço da aula universitária.
Palavras-chave: Leitura. Textos. Energia. Física. Ensino superior.
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