Descrição:
KATUTA, Ângela Massumi
A presente tese aborda o ensino da geografia nas escolas básicas e tem como fundamento o entendimento de que uma parte considerável dos “problemas” relacionados à aprendizagem, na referida disciplina, se origina da assunção, pelos sujeitos sociais que atuam na escola, das ontologias e epistemologias hegemônicas. Tendo como referência esta orientação, abordo, no primeiro capítulo, o processo ao qual denominei de “estrangeirização” e alienação discente, apontando para a relevância da linguagem na realização desse processo. Na sequência, fiz um mapeamento dos principais debates já realizados pela civilização ocidental acerca da linguagem, mostrando a necessidade de seu entendimento no contexto das relações sociais, que são espaço-temporalmente engendradas. É a partir dessa compreensão que demonstro as relações entre modo de produção, concepções de espaço, linguagens – tomando como exemplo a cartográfica – e geografias hegemonicamente produzidas e, portanto, ensinadas. Em seguida, saliento a necessidade de uma abordagem materialista dialética dos atos de conhecimento nos processos educativos, indicando que a possibilidade de superação do processo de “estrangeirização” e alienação discente somente pode ser pensada, se o conhecimento escolar estiver colocado a favor de um projeto societário fundado no entendimento da ordenação dos espaços pelos seres humanos. Concluo a reflexão indicando que uma das vias possíveis para o retorno d’O Estrangeiro ao mundo da geografia reside na assunção de ontologias e epistemologias fundadas na tensão e contradição, o que impõe a necessidade de agregar outras linguagens àquelas comumente utilizadas na geografia desde a época de sua institucionalização.
Palavras-chave: Ensino de geografia. Alienação. Linguagens. Pensamento. Epistemologia.
|