Descrição:
FREITAS, Patrícia de
Um periódico da área médica não é apenas uma revista de textos complexos e de propagandas de medicamentos. Utilizando a Revista de Ginecologia e d’ Obstetrícia como material empírico, é possível compreender a magnitude desta fonte de pesquisa. Através da análise de artigos que circularam neste espaço, entre os anos de 1907-1978, foi possível observar como um grupo de médicos representou experiências exclusivamente femininas, como a menopausa, além de apreender a construção de dois campos de conhecimento sobre a mulher na medicina no Brasil. Os artigos apresentados na revista evidenciam o modo como o discurso da medicina correlacionou as funções tradicionalmente atribuídas ao gênero, à anatomia e à fisiologia da mulher. Nesse sentido, a conduta feminina foi determinada pelo funcionamento de seus órgãos de reprodução. Da puberdade até a menopausa a mulher estaria condicionada, prisioneira do seu ciclo. A partir da menopausa, com a gradativa e contínua queda da produção de hormônio pelos ovários, a mulher teria como opção os hormônios de reposição que lhe permitiria restabelecer o equilíbrio. Hoje, os estudos de gênero dão a oportunidade de desmistificar essa leitura da medicina, transcendendo as definições estáticas que serviram e ainda servem para naturalizar papéis sexuais que foram definidos por uma pretensa "natureza feminina". Assim, é preciso ultrapassar as barreiras construídas pelas ciências biológicas que constroem sujeitos e estabelecem preceitos. Acima e além das funções estabelecidas ao útero e aos ovários, os estudos na área das ciências humanas tem mostrado que a diferença sexual é construída historicamente.
Palavras-chave: Gênero. Medicina. Mulher. Obstetrícia. Ginecologia. Revista. História. Menopausa.
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