Descrição:
Gil, Fernando Cerisara
As relações entre jornalismo e literatura no Brasil remontam à chegada da imprensa no início do século XIX. Desde então há uma contaminação incessante, em menor ou maior grau, tanto no que diz respeito à natureza da linguagem quanto às funções exercidas pelos dois gêneros em cada contexto específico. Este trabalho tem como propósito revelar a proximidade existente entre jornalismo e literatura em dois períodos da nação brasileira, marcados por transformações econômicas, políticas e sociais de toda ordem, e também pela exclusão social. Assim como no início do século XX, na fase pós-proclamação da República, na década de 70, durante o regime militar, a figura do escritor-jornalista entra em cena para expor as fraturas da nação por meio de uma literatura compromissada com a realidade mais imediata. Inaugurada com Euclides da Cunha, ganha maior dimensão com Lima Barreto, para retornar de forma mais efetiva nos anos 70, agora sob um novo padrão estético, com a utilização de processos e técnicas experimentais. Isso é demonstrado nesta tese a partir da análise de três obras: "A festa", de Ivan Angelo, "Ô Copacabana!", de João Antônio e "Reflexos do baile", de Antonio Callado. Em todas, em que pesem as especificidades, a literatura se serve da linguagem e da função jornalística para revelar um projeto de nação, em meio aos procedimentos da censura e ao cerceamento da liberdade de expressão.
Palavras-chave: Jornalismo e literatura. Regime militar. Década de 70.
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