Desde meados da década de 90 observa-se a presença do enunciado protagonismo juvenil nos textos dos organismos internacionais, organizações não-governamentais, órgãos de governo e educadores, em referência a uma certa forma de participação da juventude na sociedade. Este trabalho faz uma análise do discurso que dá suporte ao protagonismo juvenil, identificando a matriz discursiva que o tornou possível: uma concepção de sociedade como um aglomerado de indivíduos atores sociais que estabelecem relações de negociação com os outros indivíduos enquanto realizam atividades que beneficiam a si próprios e à coletividade. A atuação social, característica dos atores sociais, ocorrida no cenário público constitui a essência da nova forma de política prescrita pelo discurso. A tese deste trabalho é a de que essa nova forma de participação constitui, em última instância, encenação, implicando a anulação da política e funcionando como mecanismo de integração da juventude pobre. A anulação da política ocorre pela adoção do fazer coisas como forma de participação e pela fabricação do consenso pelo discurso, o que impede a fala autônoma e transgressora.
Palavras-chave: Discurso. Educação.Juventude. Organização não governamental. Protagonismo juvenil.