Descrição:
TOLENTINO, Celia Aparecida Ferreira Este estudo discute a tematização dos aspectos rurais da cultura brasileira segundo a abordagem realizada pelo cinema nacional das décadas de 50 e 60. Decodificando o narrador de cada obra cinematográfica, debate-se as condições e perspectivas deste que apreende o tema em questão, explicitando o tempo histórico a partir do qual fala. As duas décadas são tratadas como três tempos distintos: a década de 50 é observada a partir do cinema industrial paulista; a década de 60 divide-se em duas partes, antes e depois do golpe de 64, e ambas são discutidas através da cinematografia politizada da época. Ao final, este trabalho tenta demonstrar que o rural constitui um tema fugidio, mas central na vida brasileira, que, em acordo com as ambiguidades da nossa própria identidade, é tratado com amor ou ódio segundo os projetos de nação com os quais dialoga. Cangaceiros, caipiras, jagunços, beatos, retirantes podem ora compor a mais genuína identidade nacional, ora o retrato do atraso brasileiro e, também, as duas coisas ao mesmo tempo. Invariável é o ponto de vista que entende como rural aquilo que está no passado ou em vias de superação, nunca, entretanto, o vigente. Resumindo, para o cinema brasileiro do período estudado, rural é sempre o outro.
Palavras-chave: Cinema brasileiro. Pesquisa sociológica. Sociologia rural. Cinema. Estética.
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