Este tese visa compreender um processo de transformação social impulsionado pela conversão de áreas agrícolas para casas de moradia, ocorrido em Vinhedos, Estado de São Paulo. O resultado dessa transformação fez com que diferentes grupos sociais, a saber, os agricultores, caseiros e moradores de condomínios passassem a conviver e a disputar representações sobre esse espaço. A pesquisa demonstrou a possibilidade de existirem significados distintos sobre a rural e o urbano de acordo com a situação considerada. Em determinadas situações, a percepção sobre o que é rural está fortemente associada a um espaço físico determinado pela legislação. Por outro lado, há momentos em que a referência espacial cede lugar aos padrões de consumo e formas de sociabilidade como definidores do que é rural. Quando se consideram as relações sociais estabelecidas entre estes grupos, a pesquisa evidenciou uma relação de mão dupla estabelecida entre os agricultores e moradores de condomínio. De um lado, os moradores dos condomínios são diretamente responsáveis pelas transformações recentes que afetam negativamente os agricultores (aumento no preço da terra, por exemplo). Por outro lado, muitos agricultores beneficiam-se dos novos padrões de consumo dos moradores dos condomínios. Contudo, em relação aos caseiros foram observadas atitudes discriminatórias e práticas de segregação socioespacial.