Este trabalho pretende analisar os verbos chamados pela literatura (Dowty,1991; Carlson, 1998) de simétricos. O trabalho de Godoy (2008) será retomado porque traz uma interessante descrição do comportamento argumental desses verbos. No entanto, tentarei demonstrar aqui que a reciprocidade, que para a autora é lexical, na verdade se dá composicionalmente. Para explicar o comportamento desses verbos me apoiarei da teoria de proto-papéis temáticos proposta por Dowty (1991). A definição da classe dos simétricos se dará a partir da sua grade temática, portanto. Verbos simétricos serão aqueles que denotarem um evento que necessariamente precise de dois participantes. A esses participantes será atribuído um conjunto simétrico de propriedades acarretadas pelo verbo que contribuem para a atribuição temática. Ou seja, os verbos simétricos terão dois participantes ocupando a posição de proto-agente ou de proto-paciente, que é definida por esse conjunto de propriedade. Além disso, o trabalho procurará evidenciar dois tipos de ambiguidade desses verbos: uma que aparece na forma simples e outra que aparece na sua forma descontínua. Na forma simples haverá a ambiguidade coletiva x distributiva que se aplica à denotação do evento. Na forma descontínua haverá uma ambiguidade em relação à propriedade da volição ou do movimento, que pode ou não caracterizar o argumento interno da construção. Com essas considerações pretende-se dar um tratamento mais adequado ao fenômeno relacionado aos verbos simétricos.