Descrição:
BALDISSERA, Maria Janete Soligo
Esta dissertação tem como objetivo visibilizar como diversas narrativas operam sobre comportamentos dos Meninos da Casa Abrigo - Associação do Adolescente Nova Vida, localizada no bairro Primavera, no município de Novo Hamburgo / RS, problematizando a produção de um sujeito narrado como "Menino da Casa". A investigação se inscreve numa trajetória de inspiração etnográfica, buscando trabalhar com análise de narrativas, tendo em vista uma teia enunciativa que permite criar verdades sobre a situação e a produção desses Meninos. Para tanto, utiliza-se de aportes teóricos ligados aos Estudos Culturais em Educação e em Michel Foucault, numa perspectiva teórica pós-estruturalista. Os sujeitos internos nesta instituição são adolescentes em conflito com a lei que, por cometimento de ato infracional, por serem dependentes de substâncias psicoativas e/ou por estarem em estado de vulnerabilidade social, são enviados à mesma. O estudo analisou um conjunto de narrativas desses adolescentes acerca do que dizem sobre si próprios e sobre os lugares onde foram postos para serem corrigidos de seu estado de incorrigibilidade. Por meio das narrativas, foi possível perceber que a Casa Abrigo precisa, perante a sociedade, mostrar sua produtividade em relação à normalização desses sujeitos e, ao agir sobre suas condutas, investe em algumas estratégias, cuja interseção de discursos centra-se na espiritualidade, no trabalho e na valorização da família. Também, foi possível entender que essa mesma instituição representa uma possibilidade de terceirização de alguns serviços da cidade de origem de cada adolescente, na medida em que o poder público, na intenção de livrar-se desse Menino que representa risco para sua cidade, envia-o a uma instituição localizada em um município vizinho, como depositária desse sujeito.
Palavras-chave: Adolescente. Foucault. Instituição normalizadora. Medidas educacionais. Narrativa. Sujeito.
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