Descrição:
MAREGA, Ágatha Marine Pontes
Diante da recente inclusão da criança de seis anos no ensino fundamental e das dúvidas presentes na prática escolar com relação à organização do ensino para as crianças nesta faixa etária, observamos que uma das preocupações sobre o ingresso da criança no ensino obrigatório é de que essa situação a colocaria precocemente em situações formais de ensino, retirando dela o direito, o tempo e o espaço de brincar. Tal concepção nos remeteu a ideia dicotômica entre o brincar e o estudar, como se fossem duas atividades antagônicas. Considerando essa problemática, realizamos a presente pesquisa com o objetivo de investigar de que forma o ensino para crianças de seis anos pode ser organizado levando em conta a transição a atividade lúdica para a atividade de estudo. Para tanto, realizamos estudos calcados na Teoria Histórico-Cultural (Vigotsky, Leontiev e Elkonin) que nos ofereceram o aporte teórico necessário para compreendermos: a relação entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento; o papel ativo do sujeito na produção e apropriação do conhecimento; a periodização do desenvolvimento psíquico; e as especificidades do ensino para a faixa etária de seis anos, destacando a atividade lúdica e a atividade de estudo como atividades principais da idade pré-escolar e da idade escolar, respectivamente. Realizamos, também, um experimento didático com alunos do 1o ano do ensino fundamental de uma escola pública da rede municipal de ensino de Maringá. Esse percurso de investigação nos permitiu concluir a necessidade da condução pedagógica desse processo de transição. Apesar de a atividade lúdica e a atividade de estudo não apresentarem as mesmas propriedades, ambas têm uma característica comum: o conteúdo. Há conteúdos no brincar e no estudar. No momento de transição entre uma atividade e outra é fundamental não reforçar as diferenças entre essas atividades, opondo-as como uma ligada ao prazer, outra à obrigação, reservando tempo e espaço hora para uma, hora para outra. Pelo contrário, essas atividades devem se interagir e interpenetrarem-se. A ação sobre a unidade entre elas – o conteúdo – é o caminho metodológico para isso. O que implica em propiciar conteúdo escolar para a atividade lúdica para que as crianças avancem para além da reprodução das relações cotidianas, comuns nas brincadeiras livres, e ampliem seus conhecimentos sobre o mundo, aproximando-se do conhecimento científico. Além disso, é essencial que, nesse processo, o professor saiba, aos poucos, transmitir aos alunos maior valor ao prazer de conhecer, do que ao prazer de apenas brincar, levando a criança a perceber a riqueza do novo lugar que ela passa a ocupar como estudante do ensino fundamental.
Palavras-chave: Ensino fundamental de nove anos. Atividade lúdica. Atividade de estudo. Teoria histórico-cultural.
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