Descrição:
KLEIN, Rejane
Os discursos que circularam na revista Nova Escola descritos nesta tese foram percebidos como material integrante de uma rede discursiva mais ampla. Procurou-se mostrar como se ensina modos de ser docente e de se exercer a docência nos artigos, nas propagandas e nas notícias veiculadas pela revista, tomando como recorte o tema sobre as novas tecnologias. Alguns enunciados propagados pela publicação podem ser observados também em outros materiais, tais como: nos textos que tratam da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia, dos projetos de educação via rádio, televisão e correspondências e ainda dos programas de informatização das escolas públicas. Nos textos da revista, associam-se saberes pedagógicos e da comunicação, produzindo-se efeitos de verdade, através dos quais os/as docentes são nomeados, classificados e posicionados. Os efeitos de verdade são criados através da recorrência a outros campos do saber e, também, por meio de alguns procedimentos observados na confecção da publicação, dentre eles: a recorrência à lógica binária, representando-se um certo modo de ser docente como modelo ideal e um outro como ultrapassado. Dentre os procedimentos, utiliza-se o passo-a-passo, ativando o dispositivo da gradualidade e os relatos de experiência apresentados como exemplos de práticas bem sucedidas. A análise do discurso aqui utilizada ancorou-se na perspectiva foucaultiana, valendo-se dos estudos arqueológicos e genealógicos. Nos discursos da revista são construídos dois modos de ser docente e de exercer a docência: o/a docente da era tecnológica e o da era pré-digital. O primeiro é mostrado como um sujeito pertencente à cultura digital ou em processo de aprendizagem desta. Este é representado como um sujeito autônomo, cooperativo, democrático, esforçado e criativo. É nomeado como professor/a pontocom, plugado/a, conectado/a. Exerce a docência interagindo com seus/suas alunos/as, é aberto a críticas, troca experiências com outros/as professores/as através da internet, atualiza-se constantemente. O segundo é mostrado como autoritário, despreparado, dependente e antiquado. Na sala de aula, torna os alunos/as passivos, o conhecimento está centrado nele/a, não aceita críticas. De modo geral, é classificado como tradicional e as deficiências da escola são atribuídas aos professores/as adeptos desta prática. Os/as docentes que se negam ou rejeitam a informatização das escolas não aparecem no discurso descrito.
Palavras-chave: Discurso. Tecnologias. Subjetivação. Mídia impressa.
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