Descrição:
ARMSTRONG, Machado
O presente trabalho tem por objetivo mostrar a rotina dos trabalhadores rurais da agroindústria canavieira, na região de Barra Bonita-SP, bem como a forma de exploração decorrente da submissão ao modo de produção capitalista a que estão expostos. O centro-oeste do estado de São Paulo abriga a maior usina de produção de açúcar e etanol do mundo, o Grupo Cosan - Unidade Barra, que possui a propriedade de estabelecer sua dinâmica própria, influenciando na construção/ reconstrução do tecido social da Microrregião Geográfica onde está inserido. Por meio desta relação, fixos e fluxos se fundem e se confundem e os movimentos migratórios, seguindo o calendário da agroindústria, fazem movimentar a lógica do grande capital na região. A preocupação maior está em caracterizar o trabalhador assalariado rural como personagem central. Em virtude da agroindústria supra mencionada, a região tornou-se um verdadeiro “mar de cana”, cenário sui generis para o desenvolvimento desta proposta de estudo. A grande concentração de terras em poder deste grupo capitalista, o uso da terra feito pelos mesmos, as atividades e relações sociais que se desenvolvem entre a Cosan – Unidade Barra e estes aproximadamente 6.000 trabalhadores e os motivos que os levam a migrarem das respectivas terras de origem, conduzem o delinear deste trabalho. Neste contexto, propõe-se refletir a respeito das relações sociais e trabalhistas existentes entre o Grupo Cosan e os trabalhadores assalariados rurais, bem como os reflexos sociais e socioambientais desta relação para a qualidade de vida e para o espaço territorial que ocupam. Considerando este recorte teórico-metodológico, busca-se: analisar a dinâmica que rege o modo capitalista de produzir na atividade canavieira; entender a atual lógica que movimenta o interesse dos usineiros do setor sucroalcooleiro para dinamizar sua produção, frente às políticas de estímulo à produção do biocombustível; verificar as relações de trabalho que envolvem o “trabalhador assalariado rural” e a usina sucroalcooleira; caracterizar o fluxo de migração, decorrente das relações sociais estabelecidas na região, entre o usineiro e o trabalhador rural; investigar o trabalhador assalariado rural nos aspectos de sua subjetividade, para melhor compreender sua práxis e suas potencialidades; entender qual a perspectiva de vida do trabalhador rural frente às alterações no campo, fruto das atuais tendências no setor da agroindústria canavieira. Esta dissertação foi resultado de pesquisa teórica e empírica. A pesquisa empírica desenvolvida nos “mares de cana”, em alguns municípios da Microrregião Geográfica de Jaú (Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, Mineiros do Tietê) foi fundamental, pois possibilitou a coleta de dados, elementos e informações e sua posterior interpretação, engendrando maior entendimento e percepção das características do local de estudo. Os depoimentos dos trabalhadores assalariados rurais tiveram destaque na pesquisa. Em virtude dos relatos obtidos, surgiram relevantes contribuições, que tornaram o quadro sociopolítico e cultural em que vivem os trabalhadores assalariados rurais, lúcido e passível de compreensão.
Palavras-chave: Geografia agrícola. Trabalhadores rurais - São Paulo (Estado). História. Agroindústria canavieira - São Paulo (Estado).
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