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O LutadorLutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manha. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e lento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça. ANDRADE, Carlos Drummond de. O lutador. Disponível em |
CARTAMeu caro poeta, Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo dai a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola trancada peto próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim uma interjeição ampliada: algo de instintivo, carregado de emoção. [...] Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade. QUINTANA, Mario. A carta. Disponível em |
(P120010B1_SUP)
(P120010B1) No Texto 2, qual é o trecho que confirma o foco narrativo em primeira pessoa?
Este item avalia a habilidade de identificar elementos estruturadores de uma narrativa. Solicita-se, especificamente, a identificação de um fragmento que revela que o relato tem um narrador-personagem, isto é, tem foco narrativo de primeira pessoa.
Os alunos que assinalaram a alternativa A, o gabarito, conseguiram perceber, pela presença do pronome oblíquo átono de primeira pessoa "me" e pelo contexto do uso, que o texto era narrado em primeira pessoa.
Os alunos que marcaram as alternativas B, C, D e E ainda não desenvolveram a habilidade avaliada. Os alunos que escolheram as alternativas B, C e E tomaram fragmentos em que o narrador se refere a outras situações, portanto faz o uso de terceira pessoa. Já os alunos que optaram pela alternativa E parecem ter se guiado pela presença do pronome pessoal reto de primeira pessoa do singular "EU", sem, no entanto, terem percebido que é o fragmento da reprodução do discurso direto de outrem, não se aplicando, assim, ao narrador.
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